Crônicas

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DeletedUser1915

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Olá!
Era este o tópico de histórias e crônicas que foi anunciado in-game?
 

DeletedUser1915

Guest
Acredito que você esteja falando da competição de escrita. Neste momento, ela ainda tá aberta a participação! Este é o link
Pena que só deu pra eu chegar aqui agora... Não deu pra postar lá o texto.. Mas da próxima agente tenta... hehehehehe...
Aproveitar pra agradecer pelo conteúdo de teu canal! Está me ajudando bastante e ajudando o pessoal da tribo que faço parte. Sou veterano no TW1, mas completamente novato no TW2, então seus vídeos estão sendo de total aproveitamento tanto pra mim, quanto para minha esposa e amigos que estão jogando comigo.
Ainda podem ser postadas Historinhas por aqui?
Forte Abraço!
 

DeletedUser1915

Guest
Ato I
- Por Tassis Frois
O inverno já havia passado bem como a primavera. O verão se anunciava, com todo seu vigor e calor. Muitas possibilidades os aguardavam, já que a colheita fora abundante para todos. O que antes eram pequenas aldeias, que nem mesmo no mapa eram citadas pelos cartógrafos da época, logo se tornaram feudos fortes e prósperos. Os habitantes daquele minúsculo pedaço de terra eram felizes por terem sob seu próprio controle, novamente, suas terras para plantar, gado para cevar e frutos para cultivar.

Sim, frutos. O verão estava apenas começando, e a safra já mostrava-se, mais uma vez, promissora. Havia muito tempo que aquilo não ocorria. Muitos irão dizer que o filho abençoado fôra. Outros, que foi pura sorte, coincidência, mas ele sabia, que a colheita era fruto de um árduo trabalho, que iniciou-sem em seu pai.

Seu pai... honrado, amado por muitos e odiado por vários. Caiu em desgraça quando confiou tudo o que de mais precioso havia em suas posses àqueles, que falsamente desejavam-lhe glórias e honras. Àqueles, que o fizeram ir ao derradeiro destino de todos os bravos.

Anos haviam passados antes daquele início de verão, até que O Filho finalmente assumisse. Uma longa história de fugas e esconderijos daqueles, que queriam acabar com toda uma linhagem. Tudo em vão para estes ingratos e vis malfeitores, já que O Filho encontrou abrigo e descanso no rancho dos Campos. Um lugar tranquilo e distante o bastante de sua terra, para que nada o incomodasse. Para que seu passado não o seguisse. Encontrou, naquele pequeno pedaço de terra, um lugar para repousar sua cabeça, para tentar esquecer de sua história e, quem sabe assim, recomeçar.
Encontrou lá também o amor. Seu, agora, sogro, o Sr. Mário, ficara extremamente feliz em ver aquele belo mancebo casando-se com sua primogênita. Ele com certeza seria um ótimo sucessor, já que não tivera nenhum filho macho.

Mas o último dia do Sr. Mário naquele mundo ainda estava longe, com certeza. Após o casamento, se fez uma comitiva de trabalho duro, labuta e suor. Logo, o que era apenas um rancho prosperava de tal forma que muitos forasteiros e andarilhos encontravam lugar e morada. Sim, ele seria o sucessor perfeito para administrar aquele lugar, agora não mais tão pequeno.

Após algum tempo que houve o casório, mensageiros haviam chegado àquele pequeno rancho. Onde antes era o "meio do nada", agora era território dos Frois de Varson. Uma província sob controle de um tal Asprilla. Ele sabia, que nunca existiu um Frois de Varson sequer. Mas sabia também, que o segundo nome era a única coisa naquele mundo, que imputava ódio e ira ao seu coração.

Após uma longa conversa com seu sogro naquela noite, contar-lhe todo o seu passado, ele decidiu partir. Foi apoiado pelo Sr. Mário, que cedeu-lhe alguns valentes de confiança, entre eles meu pai, o Monsenhor Therion Tamnar. Nós éramos do mesmo lugar e não sabíamos. Fugimos ambos dos mesmos males e malfeitores, e, pela graça da Providência, encontramo-nos no mesmo lugar, que nos deu algo para chamarmos de lar. Entretanto sabíamos, que aquele não era nosso lar, e um grito emudecido de nossos corações, nos compelindo a partir, era ouvido todas as noites, apesar da paz e aconchego daquele lugar.

Aquela era a nossa hora! Arrumamos a casa, as malas, as tralhas e bugigangas. Selamos as montarias e colocamos as carroças à estrada. A caminhada seria longa, mas valeria à pena.

Continua...
 
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DeletedUser1915

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Pois é... fui trabalhar e quando vi o e-mail tinham-se passados exatos 1 minuto que a competição havia se encerrado. Mas tem problema não! Uma hora agente tenta!
Por enquanto, vou tentar manter um pedaço da historinha por semana aqui pra vocês.
Obrigado por ler!
Forte abraço.
 

DeletedUser1915

Guest
Ato II
- Por Tassis Frois
Chovia bastante. O caminho estava custoso. O verão sempre traz a colheita, mas também a chuva. Muita chuva. O chiar das rodas, já encharcadas,da carroça de carvalho, denunciavam o quão custoso estava sendo aquela caminhada. Mas todo aquele sacrifício valeria à pena. Paramos um pouco, já às margens da estrada quando uma patrulha de cavaleiros nos abordou. Pediram documentos, que a maioria não tinha, depuseram-nos de nossas poucas armas (uma espada na verdade) e "gentilmente" ofereceram escolta para a bastilha mais próxima.

Meu pai, receoso de minha segurança, ordenou-me ficar o tempo todo ao lado Dele, já que como ex-militar do exército daquela, "província", poderia tentar encontrar algum conhecido, que pudesse nos oferecer uma mão amiga, ao invés daquelas pontas de lanças dos cavaleiros.
Assim que chegamos à tal bastilha, o céu pareceu querer desabar sobre nossas cabeças, e uma tempestade anunciava-se com fortes rajadas de vento, chicoteando a chuva sobre nossos lombos, ao som do tambor grave e potente dos trovões. Claro que a iluminação para aquela "festa" estava garantida, com os sucessivos relâmpagos.
Ao finalmente estar em um lugar onde a chuva não nos castigasse, fomos mais uma vez pilhados, e todos os nossos pertences foram-se com aqueles homens, incluindo nossos bornais. Agora entendi o porque de tanto ódio por parte Dele, quando apenas citava as palavras "De Varson".

Passamos a noite ali. Deixaram-nos lá, como se alguém fosse nos atender, entretanto os portões foram fechados, nos trancando naquele antro enorme. Ao menos tínhamos cobertura para nos proteger da chuva, entretanto os gritos e cantorias provenientes da Taverna ecoavam reverberantes, encontrando as altas paredes de pedra e concreto maciço daquele lugar. Surpreendido fiquei em notar, que todo aquele barulho provinha de uma pequena abertura retangular, já quase ao teto daquele lugar. Nunca entendi como tanto barulho poderia passar por tão pequeno espaço.

Dormimos, ou melhor, passamos toda a noite ali. Aconchegamo-nos uns aos outros, para driblar o frio, após torcer as roupas encharcadas. Devo confessar, que consegui descansar, finalmente, após quatro longas semanas encolhido no fundo de uma carroça puxada por bois, dividindo espaço com um caixote, que rangia mais que todo o resto da caravana. Ouso dizer, que foi aquele caixote infeliz, quem nos dedurou aos cavaleiros, por tamanho barulho que fazia enquanto ganhávamos os palmos da estrada de chão batido.

Então ele apareceu. Velho, gordo, ranzinza e com cara de poucos amigos. Também pudera, com aquela aparência, e com aquele odor, ninguém em sã consciência seria amigo daquela criatura. Foi extremamente grosso no trato, tendo sempre dois guardas à sua retaguarda, que mais pareciam duas grandes peças de armadura com espadas. Queriam saber de onde éramos, o que queríamos, para onde iríamos, o esperado.

Meu pai tomou a frente, cumprimentando-o cordialmente. Algo bem inusitado ao meu ver, já que as lendas contavam estórias, de que num campo de batalha, ou numa situação adversa qualquer, meu pai sempre entrava em frenesi, atacando tudo e todos com sua longa espada de duas mãos, herdada de meu avô. (Meu avô... Este sim era um verdadeiro berserker em combate. Ao menos era o que as suas estórias de guerra diziam.)

Mas para minha surpresa, Sir Therion, ou como gostava de ser chamado, o Irmão Therion, foi cordial, sensível e tenro no trato. Disse algumas palavras num idioma, que eu não conhecia, nem mesmo sabia que ele dominava aquele idioma estranho, e algo ainda mais surpreendente, que ver meu pai falar outro idioma e ser manso com os que nos trataram mal, aconteceu. Aquele homem gordo, fedorento, ranzinza, de voz irritantemente rouca, se colocou de joelhos diante de meu pai, beijando-lhe suas mãos.

Ninguém entendeu aquilo, nem mesmo seus homens, que armaram uma postura de combate, mas foram desarmados sem golpes, dada a ação daquele gordo.

Aquela voz irritante, tornou-se ainda mais irritante, quando, naquele idioma estranho, ele gritou algo. Momentos após os gritos, os cavaleiros que nos tomaram cativos apareceram. Todos os quatro se ajoelharam, com expressões de extremo temor, um deles até mesmo chorava, o que muito me admirou. E depois de vários berros (como já se não bastassem os gritos) os quatro saíram correndo, voltando pouco tempo depois com todas os nossos pertences.

Eu realmente estava sem entender nada, até que Ele saiu de trás, retirando o capuz, que cobria sua cabeça enquanto lentamente se dirigia às escadas. Se apresentou, falando também naquele idioma estranho. O velhote gordo não contou tempo para se jogar ao solo, clamando por algo pelo que entendi, já que a sua voz irritante agora parecia querer ser acompanhada de lágrimas.

O cocheiro que tocava os bois de minha carroça olhou para todos, e riu. Aquele velho homem magricelas sempre sorria, mas aquele riso era diferente. Um riso, que pude notar em alguns outros rostos. Só então entendi, de fato, o que meu avô sempre me dizia, quando eu era menino; "O homem só consegue alcançar, aquilo que ele compreende."

Todos começaram a fazer reverências à ele, e eu, é claro, sem entender nada, apenas acompanhei os gestos, que via os outros a fazer. Mais algumas palavras Dele, naquele estranho idioma, e todos foram chamados para fora daquele lugar. Por falar naquele lugar, só agora, com a luz matinal, que pude notar as cadeias. Estávamos num calabouço enorme. Dormimos ao lado de corpos e ossos, além de baratas e ratos. Tive arrepios só de olhar aquela cena, e fui um dos que tomou a dianteira para as escadarias.

Ao sairmos daquele lugar, que tudo mais uma vez se fez claro. Estávamos numa verdadeira fortaleza. Soldados por todos os lados, armados até os dentes, trajados de cotas de malha, armaduras de couro e placas de metal reluzente. Escudos visivelmente gastos em batalhas, mas ainda brasonados, completavam a ornamentação nos braços de alguns homens, que faziam patrulhas na base da muralha. Falando em muralha, nunca em toda minha vida havia visto um muro. Ouvia histórias de como eram, mas nunca havia visto um de perto, e vislumbrar aqueles paredões colossais meu deu tonturas e calafrios, só em imaginar uma queda daquela altura.

Entretanto, foi ainda tentando me recuperar das tonturas que a vi. Eu não sei se me recuperava ou piorava, pois observá-la me fez perder o chão. Os raios solares sobre seu rosto lindo, que passavam pelas frestas nas nuvens, tornaram aquela visão ainda mais divina. Longos cabelos ondulados da cor do fogo, Olhos verdes, como a água profunda do oceano em um dia de primavera, algumas sardinhas nas bochechas rosadas, que pareciam tão apetitosas quanto maçãs maduras, mas ainda não eram tão apetitosas quanto aqueles lábios de tom avermelhado e traços finos. Aqueles lábios... Pensei estar vendo uma miragem, dada a fome, já que não havíamos comido nada no dia anterior, por ter sido tomados em cativeiro antes do almoço. Pensei estar vendo um anjo, mas era realmente real. Quando o olhar dela encontrou o meu, tentei disfarçar, mas já era tarde. Um riso tímido eu pude notar ser desenhado naqueles lindos lábios, e as bochechas dela também corarem. Claro que também ri, mas tentei esconder, olhando em volta para tentar ver se alguém percebeu.

Mas, não estávamos, ainda, no paraíso, e a sinfonia do inferno parecia querer se fazer presente no timbre da voz daquele velho gordo. Ele gritou algo, e em seguida a palavra "Gloria". Ela respondeu e pude ouvir sua voz. Uma sinfonia divina para meus ouvidos. Uma coisa pude notar, ela o chamava de "papatka".

"Papatka"??!!

Eu não entendia bulufas daquele idioma, mas lembrei de um episódio no rancho dos Campos, onde ouvi aquela palavra pela primeira vez. Significava "Pai". "Pai"???!!! Como um demônio gordo, fedorento e horripilante pode ser o progenitor de um anjo celestial?! Mas aí veio outro pensamento a me arietar os portões da mente; "O nome dela é Gloria!"

Aquele pedaço de cruz credo não poderia ter escolhido nome mais adequado àquela, que para mim agora, era a mais bela criatura em todo o mundo. E então, outro aríete em minha mente. Algo que eu não queria nem imaginar em ouvir dos outros, agora ribombava como as ondas do mar o faz, nas pedras da costa. Eu estava apaixonado. Perdidamente apaixonado... Mas isso não era a parte ruim. As pontas das pedras apareceram quando percebi, que estava apaixonado pela filha do demônio gordo...

Continua...
 
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DeletedUser1081

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DIA DIFÍCIL...

Queria poder mandar no coração
Deixar de sentir saudade
De quem não se importa
Com toda dor e maldade
Que provocou quando foi embora
Sem olhar pra trás, sem vontade
De repensar o agora
O futuro, e tudo que vivemos no passado....

Quero deixar de sentir o que sinto
Quero deixar de pensar no passado
Quero deixar meu coração se curar
Não quero mais meu coração acelerado
Quando vejo sua foto...
Lembro seu cheiro
Sua voz, seu beijo...
Seus abraços, suas palavras...
Não, não quero mais sofrer.

Quero que sua lembrança
Não me abale mais
Quero pensar no agora,
Em tudo que posso ter
Em tudo que posso ser...
Ser feliz, sem você.


Por mim mesma...
 

DeletedUser1915

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@TassisFrois
Tu é escritor cara? Você faz isso muito bem mano!!!
Nem sou, mas valeu!
hehehehe

Ato III
- Por Tassis Frois

Já era noite alta. Não havia lua, tanto pelas espessas nuvens de chuva, quanto por ser lua nova, entretanto o tremular criptante das tochas e a iluminação serena dos candeeiros nos postes davam conta de iluminar as ruas daquele lugar.

A Fortaleza era enorme. Meu pai contou-me, que aquele lugar já fora um próspero burgo, entretanto, com a traição dos Burbon e sua aliança com os De Varson, o que antes era apenas um local de comécio, se tornou em um poderoso forte militar, já que muitos dos descontentes acabaram por se mudar para aquele lugar. Principalmente os militares que debandaram após a morte do Pai Dele

Fiquei horas tentando imaginar toda aquela campina, que cercavam os muros, repletas de fazendeiros e hortas, ao invés de campos de treinamento, bonecos e alvos, e ainda mais; pus-me a tentar calcular quantos homens teriam sido recrutados para erguer aqueles paredões colossais de pedras negras. Tentei calcular a mão de obra, pois ouvi dizer, que tudo aquilo foi erguido em menos de três semanas de trabalho pesado.

O nome do lugar era Serennesville, algo bem incomum tanto para um burgo, quanto para um forte militar, entretanto, o antigo líder do lugar, Sir Dronnar DeCastro, não imaginaria, que uma pequena vila de fazendeiros iria se tornar um centro comercial, muito menos uma poderosa e enorme bastilha, quando nomeou aquele pedaço de chão, outrora livre.

O plano parecia estar traçado, por isso, na calada da noite algumas aves foram soltas do sopé da muralha, nos quatro cantos daquele lugar. Essa tarefa foi minha. Naquela noite, naquelas asas, A Esperança voava.

Faziam duas estações, que estávamos naquele lugar, desde nossa "recepção calorosa" naquela noite chuvosa. Já estávamos entendendo como aquele lugar não caiu, apesar de todas as investidas contra aquelas muralhas. Com toda certeza o principal fator para que o lugar não ruísse, foram as Estações Ambundantes de mantimentos e crescimento, nos tempos em que aquele lugar nem sonhava ter armas ou, muito menos, formar um exército de defesa. Outro grande fator, com certeza, também foi a Ordem dos Cavaleiros Teutônicos ter se instalado por ali, nos tempos de fuga e tentativa de resistência. Eu era apenas um Bebê, neste tempo, mas lembro-me bem, das palavras que meu avô proferia sobre o Golpe dos Traidores.

Agora, só o tempo, e o retorno daquelas asas, iria nos mostrar o que fazer, quando fazer e como fazer.

Continua...
 
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DeletedUser1081

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Pedimos o bom senso de não postarem textos com teor sexual e/ou com palavras impróprias. Caso sejam postados, assim que detectados serão excluídos. Caso haja insistência no ato, punições poderão ser aplicadas e o tópico fechado.

Agradecemos a participação de todos e parabenizo o dom de escrita de alguns e coragem em publicar seus textos!
 

DeletedUser1915

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Ato IV
- Por Tassis Frois

Do alto vinha a esperança. Mas ela penou a chegar. Todos os pássaros enfim retornavam, com exceção de um. O pássaro Sul não havia retornado, e Ele continuava apreensivo.

Já haviam se passado algumas semanas desde o envio das asas, a vida estava começando a me agradar naquele lugar. Meu pai, como sempre, tomando a frente dos militares do lugar, mostrando táticas efetivas de combate, saía todos os dias pela manhã a dar voltas numa das alas daquele lugar. Encontrou um quarteirão com duas ladeiras e dava cinco voltas neste quarteirão, alternando, hora correndo, hora andando extremamente rápido, mas sem parar até completá-las. "A batalha exige do corpo, assim como o corpo exige da batalha" dizia ele e lá se ia em sua rotina quase sacra.

Ela... bem... ela sempre estava lá. Intocada e imaculada. Vestida com panos finos e de gracioso andar. Não queria nem sequer correr o risco de perder de vê-la ao entardecer, andando com suas criadas pela praça central daquele lugar. Minha rotina mais que sacra, era contemplá-la todos os dias, de longe, é claro, para que ela não pudesse perceber-me. Para que ninguém pudesse desconfiar de mim.

As rotinas seguiam normalmente, até que do alto um silvo. Um gavião rodava a praça, exatamente na hora que ela estava a conversar com suas amigas. Todas pareciam nobres, ou filhas da parte nobre daquele lugar, dadas as vestes finas e todas as ornamentações de jóias que portavam nas mãos, braços, pescoços e orelhas. Mas aquele gavião silvava sem parar. Talvez até ele também tenha ficado louco de paixão ao contemplar tanta beleza naqueles cabelos ruivos. Doce ilusão a minha.

Um apito, e a ave mergulhou, como um raio cai à terra, abrindo suas grandes asas para planar e pousar, numa das sacadas de um dos prédios perto da armaria. Vi de longe um homem alto e magro, portando uma espécime de luva gigante que cobria seu braço, luva esta em que a ave empoleirou-se, entrando com seu "poleiro" no prédio.

"Estávamos esperando um pombo, não uma ave de rapina"; pensei.

Logo, esgueirei-me pelas paredes, escalando-as para chegar aos telhados, e tentar alcançar aquele prédio. Minha curiosidade sobre aquela ave agora era maior que minha admiração por tanta perfeição encarnada em Glória.

Sempre fui muito curioso, o que fez de mim ótimo em emboscadas, armadilhas e patrulha. Desde pequeno era bom Batedor. Sabia esgueirar-me por entre os becos apertados e conseguir andar pelos telhados sem cair deles ou nas casas que eles cobiriam. Nunca fui muito forte, mas não sou ruim com a espada, só melhor sou com um arco, flecha e adaga. Pregava peças nos meninos, que queriam treinar com meu pai, e nunca fui pego enquanto espionava outras vilas. Meu pai queria, que eu fosse tão bom na espada e uso de armas pesadas quanto meu avô, ou até mesmo ele, mas nunca dei bons resultados, sempre sendo melhor nas competições de pontaria e arremesso de armas pequenas.

Agora, quase chegando perto, pude notar nas ruas um grande contigente de guardas, apenas, para aquele prédio. Definitivamente pelo chão, não teria a menor chance, mas aqui, nos telhados posso ir à qualquer lugar, ou quase qualquer lugar.

Consegui alcançar finalemnte aquele prédio, e por sorte, a sacada ficava exatamente no terceiro e último andar do edifício. Deitei-me sobre algumas das telhas, encostando meus ouvidos para tentar captar o que sairia pelas frestas. E fiquei em choque. O que eu ouvia me deixou perplexo. Nada era mais aterrorizante que as palavras que ouvira.

"O príncipe dos Frois de Varson estará chegando com sua comitiva, à cortejo e visita. A proposta do cortejo, era encontrar sua futura esposa, dando ele preferência à filha de Patrik Ivarov, Conde da Leutácia e Bitrúvia." Nada poderia ser pior! Patrik, o Demônio Gordo, iria ter que casar Glória com o filho dos traidores. Minha Glória!


Mesmo sob o sol do crepúsculo, agora, era noite sem luar.


Continua...



Opa! Tô de volta guryzada! Depois de muito trabalho de fim de ano, voltando aos poucos ao TW2. Vamo que vamo pq meus planos e conquistar pelo menos 2 mundos esse ano em! Forte abraço!

E àqueles, que me acompanham desde o TW clássico alemão; Força e Honra!
 
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DeletedUser1915

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Depois de um tempo fora, agora é hora de voltar à ativa!
@Edit:

Ato V
- Por Tassis Frois

"Quais as chances, de eu me casar com ela? Era a pergunta que me fazia todo santo dia. Eu, um mero vagabundo, sem casa, sem posses, sem dinheiro... Quer dizer, um pouco de dinheiro é claro, mas só o que dá pra viver, segundo as forças de meus braços. Mas ainda assim, ela é nobreza, e eu... Um mero cuidador de cavalos. Provável que nem para mim ela olhe, ou note."

Foi pensando assim que finalizei meu dia. Fiquei na Taverna todo o resto da noite buscando consolar minha desilusão nos copos que iam e voltavam. Alguns amigos meus até passaram por lá. Cada um com um bom motivo, e todos sem nada para atormentá-los. Suas bochechas rubras e seus risos rotos eram de se esperar, com mais copos de sabe-se deus o quê havia naquele líquido amarelado e viscoso, e mulheres. Muitas mulheres.

Elas não eram feias, não que eu estivesse ali para procurá-las. Não, eu não. Sou apenas dela... Mas ela não é minha...

Acabei adormecendo, entretanto, antes que eu pregasse ao sono de vez, uma voz rota e amarga se fazia presente perto de minha mesa. Não consegui identificar quem era, as luzes, o Rum, as vestes, meu sono... Mas uma coisa entendi. Haveria um plano de invasão, e o Príncipe era apenas um chamariz para abertura de fronteiras e portões.

Adormeci.

Claro demais fez-se o outro dia. A cabeça dava voltas e mais voltas. A ultima asa retornou, entretanto ao abrir a mensagem, nada havia. Um papel em branco apenas. Eu senti um mau estar muito pior que aquela ressaca. Aquele papel em branco não era nada bom.

Foi então que me lembrei, ao menos em flashes, o que houvera, e o que eu ouvira. Pensei ter sido um sonho ruim. Mas quando uma mente que pesa rápido se põe a funcionar, nem mesmo a ressaca a inibe. Liguei uma coisa à outra, entretanto, não havia provas. Eu não sabia quem era, apenas daquela maldita voz eu me lembrara.
Como então resolver algo muito maior que minhas sandices de amor? Como passar uma mensagem?
Fui ao meu pai. Ele saberia me dar um bom conselho.

Chegando à ele, expliquei que estava numa Taverna, e contei-lhe o que se passara, sem expor o motivo de eu estar lá. Ele me olhou de cima abaixo, franziu a testa e me deu um dos maiores sermões que já ouvi em toda minha vida. Entretanto, ao final, quando finalmente as engrenagens do raciocínio começaram a girar em sua mente enraivecida, ele modificou o tom, ficou pálido, e disse-me que iria marcar uma audiência com a corte e os nobres o mais rápido possível. Que era para eu manter-me sóbrio e ajeitar minha aparência moribunda, para ter com a parte da nobreza daquele lugar. Iriamos explanar toda a história, para ver quais Contra-Medidas tomarmos àquela situação.

Não sabíamos ao certo quantos eram na tal comitiva, entretanto, esperávamos muitos., Tantos quantos coubessem nos quartos da Principal Edificação daquele lugar.

Agora as coisas estavam começando a se desdobrar, e uma guerra parecia iminente. Ao menos o alvoroço nas feições de meu pai era o presságio de uma batalha por vir.

Continua...
 
Editado por um moderador:
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